O biólogo Charlie Sarria pede mais regulamentação dos tubarões: "Muitas espécies são consumidas diariamente e são baratas."

Mari Navas
Madri, 14 de julho (EFE).- Apesar da "demonização" que acompanha os tubarões nos filmes, o biólogo marinho Carlos Sarria fez desses animais parte de sua vida, pedindo mais regulamentação e monitoramento ambiental diante da sobrepesca, degradação de habitats e poluição.
"Muitas dessas espécies são consumidas diariamente e costumam ser baratas. Algumas são regulamentadas por lei e não podem ser capturadas na Espanha, mas outras são o que os barcos espanhóis fazem, indo para outros lugares para capturá-las", explicou ele em entrevista à EFEverde.
Aos 29 anos, este malaguenho, formado em Ciências Ambientais e mestre em Biologia Marinha, é cofundador da ONG Condrik Tenerife, dedicada à pesquisa de elasmobrânquios nas Ilhas Canárias, especialmente tubarões.

Um projeto de pesquisa que o levou a mergulhar a uma profundidade de 300 metros em um submarino horas antes de falar com a EFEverde como parte de uma campanha que visa aprender mais sobre tubarões no mar por meio da pesca com isca.
"Os tubarões de profundidade são muito mais complexos, e a maioria dos dados coletados são de descartes de pesca, mas ver tubarões de profundidade vivos com os próprios olhos nunca foi feito, ou só foi feito muito raramente", disse ele em entrevista à Efe, na qual explicou que, nesse tipo de campanha, esperam horas para que os animais sejam "atraídos pela isca e venham dar uma olhada".
Conheça seu comportamentoDiante do medo que o imaginário de Hollywood provocava em muitos, a curiosidade do jovem e a curiosidade mórbida induzida pela "demonização do tubarão" o fizeram querer estudá-lo mais a fundo, preservá-lo e, aos poucos, mergulhar em seu mundo.
Agora, com a associação, ele busca aprender mais sobre a dinâmica populacional das espécies "para protegê-las e conservá-las, e ter regulamentações legislativas muito mais robustas, para que possamos aprender mais sobre as espécies e regulá-las melhor".
Em sua opinião, há uma falta de regulamentação porque, como ele explica, o que a União Internacional para a Proteção da Natureza (UICN) diz "muitas vezes ou nunca tem peso legislativo", algo que poderia mudar se houvesse dados suficientes disponíveis.
Uma espécie em extinçãoOs tubarões, juntamente com as raias e as quimeras, fazem parte da família dos condríctios, um grupo taxonômico que é o segundo mais ameaçado do mundo, com uma em cada três espécies em perigo de extinção, de acordo com dados da Ecologists in Action.
“Há uma falta de proteção para algumas espécies, o que é insuficiente, mas, por outro lado, também se faz muito esforço”, afirma Sarria a esse respeito.
O jovem explica que esta espécie está particularmente ameaçada pela pesca predatória, degradação do habitat e poluição. "Especialmente devido à captura acidental de tubarões, à sopa de barbatana de tubarão e à utilização de ornamentos como mandíbulas, pele e fígado para fins cosméticos", observa.
Um negócio que vale centenas de milhões de eurosEm particular, Sarria se concentra na pesca excessiva de tubarões, tanto direcionada quanto por captura acidental, para a qual ele pede maior regulamentação.
"Para mim, a pesca regulamentada e sustentável, que promova uma economia local e com reservas de captura proibida, o que permite a pesca adjacente, parece uma estratégia incrível", observa ele.
Tudo isso é um negócio que vale centenas de milhões de euros, e um animal que é frequentemente vendido em mercados de peixes e é um alimento básico da gastronomia espanhola, como o cação marinado, o caldo de tinta vermelha e os tubarões-azuis.

Junto com essa pesca excessiva, o jovem também afirma que eles estão percebendo mudanças climáticas, aumento das temperaturas, acidificação dos oceanos e aumento das emissões de gases de efeito estufa.
"Os padrões estão mudando e a degradação do habitat é enorme. Então é perceptível, mas cada caso deve ser sempre analisado ponto por ponto", continua ele.
Nesse contexto, ele pede maior fiscalização ambiental para que áreas legalmente protegidas não fiquem apenas como "reservas no papel", além de maior financiamento para pesquisa e processos menos trabalhosos para criação de organizações.
Além disso, ele defende o papel da divulgação, despertando a curiosidade humana e aumentando a conscientização, algo que ele faz por meio das mídias sociais (onde tem quase 40.000 seguidores) e de várias colaborações.
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efeverde